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Saturday, August 22, 2015

Comida Cara



O exame terminou, entregamos o papel de prova. Nós candidatos já fomos entrevistados. E segundo informaram que teríamos que só esperar pela chamada da empresa, era claro dentro de tempo indeterminado - tomara que fosse numa semana- para sabermos se ou não passávamos. 

Bom, eu estava com certeza que a minha mente naquele tempo já estava bem esgotada, de tanto responder às perguntas, muitas das quais para falar francamente nunca tinha visto antes durante os meus dias escolares, e resolver sem a calculadora mesmo os problemas hipotéticos e numéricos, tanto lá escritos no papel quanto os dados oralmente pelo entrevistador. Ao mesmo tempo, tinha certeza que a minha barriga também já estava esgotada pois deu aquele barulho caraterístico, duas vezes pelo que consigo me lembrar. Ainda bem que não eram tão fortes para as pessoas ao redor perceberem! 😆 

Saí do prédio. Na verdade era um belo arranha-céu. Passei pelo mesmo trajeto que percorrera para ir à entrevista. Andava, esperando que os meus colegas daquele trajeto não ouvissem minha barriga soando continuadamente. Emergi da subterrânea, ainda com grande fome, desejando bani-la tão rápido quanto possível. Então, o meu primeiro passo depois daquela travessia embaixo do solo foi ir procurar um local que servia comidas - e devia ser o mais próximo de onde eu estava naquele instante porque a verdade era que já mal conseguia andar nem meio quilômetro. A minha reserva energética não me permitia vencer essa curta distância. 😩

 Ao longo da avenida à minha esquerda havia muitos carros envoltos num engarrafamento. Pensava que era uma cena normal já que era meio dia e como era de esperar, todo o mundo - ou de carro, ou a pé - estavam rumo aos restaurantes, ou lanchonetes em caso dos que resolviam poupar dinheiro. A algum ponto daquela calçada surpreendentemente larga, da mesma avenida, parei de andar e contemplei o que jazia lá à direita. Por ser novo naquela cidade, eu estava muito ignorante, não conhecia os locais, realmente precisava de um mapa para me dirigir aonde pretender ir. Eu estava com azar por ter de ir sozinho, sem ninguém para me guiar ou mostrar a cidade para mim. Por outro lado estava com sorte porque aquela cidade era uma das mais seguras do país. Então, não tinha de ficar de olho todo o tempo e me preocupar muito com a minha segurança. Após ter sabido o que era aquilo à direita e ter avistado uma escada de poucos degraus, me voltei e fui em sua direção. 

 Subi e cheguei no que parecia ser uma pequena praça. Não sabia se era mesmo isso. Não tinha nenhuma placa que indicasse que aquele local era uma praça. Mas vou chamá-lo de praça somente para o presente fim. Era pequena mas bonita. Achei ela única pois estava coberta de sombras, nenhum raio de luz a tocava. Estava escura. Ficava debaixo de um prédio moderno, que significava que era essa estrutura gigantesca acima de mim que conferia à praça aquela feição sombria e misteriosa. Mesmo assim não estava deserta. Muita gente se congregavam lá para conversar e só passar o restante do almoço antes de voltar ao escritório para trabalhar durante o resto do dia. Passei por um simples chafariz, não tão notável, situado no meio da praça, e lá bem à minha frente deitava um vasto parque. Mesmo nele não faltava gente. Vi gente sentada nos bancos de concreto ali disponíveis, batendo papo, algumas tirando fotos com o celular. Ao contrário do local onde acabei de estar, esse parque estava bem banhado de sol, já que estava ensolarado aquele dia da entrevista. Ao olhar direto pelo parque a partir do ponto no qual eu estava em pé, se podiam ver carros e táxis indo devagar. Cogitei que houvesse tantos carros quanto táxis passando por aquela rua, ou mais precisamente avenida - uma segunda avenida. Quanto aos ônibus, eu não tinha ideia alguma do número que havia. No entanto existiam, era certo! Sem dúvida! Dado o tamanho daquela cidade, seria impossível não haver esse transporte coletivo ambulando nas veias da cidade prosperíssima. 

 Nesse momento, eu ficava parado no fim da praça, exatamente onde ela fazia fronteira com o parque, sem mexer nem o dedo. Estava respirando fundo, tentando recuperar completamente o meu fôlego, que tinha perdido após aquela caminhada urgente. Também estava sentindo a fresca brisa soprando contra mim. De algum modo, achei que aquele vento leve me ajudou a relaxar 😌 e logo estava pronto para caminhar novamente, energizado. Bom, depois disso, deparei-me com duas veredas. A da esquerda era lisa e feita de cimento; a da direita de azulejos de muitas cores, charmosos e bem polidos. Não sabia qual delas eu iria tomar. Decidi então explorá-las uma a uma para saber qual a certa. 

Ainda em pé, imóvel e sem deixar o lugar onde estava, enxerguei o melhor que pudesse até o fim de ambos os caminhos. Nossa! Havia uma grande diferença entre eles. O caminho esquerdo levava a algo parecido com um portão que abria àquela outra avenida enquanto que o direito... era essa! Enfim! Alguns estabelecimentos de comidas! 👏Porém, que ignorante era eu! Nenhum deles conhecia. Seriam oito ou nove postos, todos numa fileira, fixados ao longo da ruela de azulejos. Tomei aquela ruela. 

 Pretendia visitar todas as lojas que haviam nela a fim de saber o que cada uma delas tinha para oferecer. Pretendia começar com aquela mais próxima de mim, indo adiante aos poucos até chegar na última. Todos eram restaurantes e pareciam ser todos custosos! Havia uma sorveteria com a sua fachada bem colorida, e restaurantes que exibiam orgulhosamente as suas comidas tanto locais quanto estrangeiras. Passei por um japonês. Porém ele estava lotado. Podia-se acreditar nisso mesmo porque os clientes, por falta de espaço no lado de dentro, vazaram e já estavam fazendo fila no lado de fora do restaurante, os garçons ocupadinhos anotando os pedidos de cada um deles. Não me podia juntar àquela fila pois não podia aguentar mais uma hora sem encher o meu estômago. 😧

 Então fui ao restaurante seguinte. Era um italiano. No pátio na frente dele tinha um cartaz enorme. Dirigi-me até lá. Era um cardapião com as comidas que estavam disponíveis naquele dia. A lista não ignorava as bebidas, destacando-se os cafés italianos de nomes famosos mas difíceis de ler, entre outros tipos. As massas de quase todos os tipos imagináveis eram de dar água na boca. Nunca tinha visto tal variedade antes em uma loja só. E isso achei uma vantagem de viajar para outros lugares! Viajar deixa a gente ver e aprender coisas novas. Eu tinha certeza que todas as massas lá continham ervas culinárias. Eu adoro os sabores da maioria delas, especialmente quando vão com os macarrões, por exemplo, embora não acostumamos fazer isso em casa. Os outros membros da minha família não gostam muito de ervas junto com a sua comida. Talvez é porque eles são fãs de comida simples, kkkkk. 

Bom, lá estava eu olhando para os nomes no quadro e os preços que vinham justo depois. Mas que coisa absurda! Custavam demais! E os que não, achei muito insuficiente para satisfazer a minha fome. Que pena! Tinha de abandonar aquelas comidas deliciosas por serem tão caras. 😢 No entanto, não desisti e fiquei caçando a alguma comida que coubesse no meu orçamento, ao mesmo tempo pensando em poder encontrá-la logo logo. Entrei e saí de mais quatro lojas, ainda da mesma fila e todas expensivas, antes de vir a uma que supunha certa e que achava de preço bem acessível. Graças a Deus! E era mesmo, não fiquei enganado! Por isso, não perdi mais tempo e infiltrei naquele restaurante depressa e logo me encontrava no cabo da fila de gente na frente da caixa, era a quarta pessoa daquela fila. Não evitei dar um suspiro de alívio e um sorriso formou-se no meu rosto quase pálido naquele momento. Afinal! Eu iria a ser aliviado da fome que vinha me assolando, me privando de pensar e andar bem e fazendo com que eu quisesse desmaiar a qualquer instante do meu estado consciente. 

A primeira pessoa da minha fila já estava retornando à sua mesa levando a sua comida e a garota do balcão estava ouvindo atentamente o pedido do próximo cliente, o segundo da fila. Virei o terceiro, estava quase à frente da fila e portanto quase à desejada comida! As primeiras duas pessoas não demoraram em pedir, apenas abaixo de mais ou menos três minutos cada, que no total seria cerca de seis minutos. Eles foram embora com a sua comida. Por algum motivo desconhecido, não queriam comer no local. Eu nunca achei que tal restaurante permitia os seus clientes levar pedidos para fora porque sempre acho que só os 'fastfood' fazem isso, não é certo? 😒 Mas esqueça! 

  Então, já era minha vez! Embaixo um dos braços, eu carregava uma pasta de cor de rosa ou vermelho claro contendo uns documentos pertinentes ao emprego. Não tinha muito peso; nem tampouco tinha a minha carteira! kkkkk Eu era pobre! Bom, a minha fome nunca se ia desde aquela manhã. Na verdade se intensificou e se podia mesmo dizer que eu estava morrendo de fome! Ao chegar na cabeça daquela fila (compreendida maioritariamente dos empregados que trabalhavam nos prédios vizinhos às lojas da praça, num dos quais foi onde decorreu a minha entrevista), os meus olhos famintos começaram a varrer pelo cartaz do restaurante que estava colocado lá na frente de jeito que todo o mundo pudesse fitá-lo. Era estranho porque aqueles olhos não poderiam ser de alguém com fome. De onde vinha aquela energia que os abria desse jeito? Eu não fazia ideia alguma! 

Assim como os dois homens que mais cedo estavam na minha frente, não demorei muito tempo em pedir. Uma fome gigante não deixaria ninguém pedir com demora, não é? No meu caso, ela não. Já encontrei e reservei a minha mesa. Era uma que ficava ao lado da porta e dava para o lado de fora, dava para ver pelo vitrine o que estava acontecendo lá fora: pessoas sozinhas ou em grupos que andavam a algum lugar, algumas levando pastas, algumas sem relógios no pulso, algumas vestindo chapéu, outras sem gravatas, algumas sentadas falando com colegas, algumas falando ao telefone enquanto caminhavam. Todos estavam ocupados, apressados naquele usual dia de negócio! 

 A minha mesa era pequena e de altura média. Bastava para alguém sentar a comer confortavelmente. Dei os meus três pedidos (uma sobremesa, um prato de frango com bebida) à moça que estava à caixa que fez a computação para depois falar para mim quanto tinha de tirar da minha carteira e dar a ela. Mas, algo passou inesperadamente. O cheesecake de mango não custava tanto como eu pensava. O seu preço era bem acima do que achava que custava! Fiquei assombrado! Quase desmaiei - não pela fome, mas sim pelo custo dele! Que comida mais cara! Por um momentinho fiquei sem palavras, não conseguia dizer nada. Só podia olhar para as tortas e bolos sortidos, encaixados lá de onde a empregada tirara aquele cheesecake de mango. Pensei e resolvi não trocar mais essa fatia de cheesecake por outro tipo, embora demandava que tirasse muito da minha carteira. Afinal, o cheesecake parecia ser uma delícia!! 😋 E era mesmo, como iria ser logo comprovado. Até eu jurei que essa seria a última vez que ia pedir comida assim de custosa, comida de dar buraco no bolso! kkkkkk 

Paguei para a caixa a devida suma, fui sentar-me numa das duas cadeiras postas juntas à mesa e esperei a minha refeição chegar. Bom, quanto à minha pasta coloquei ela em cima da mesa. Não levava comigo nenhuma bolsa. Por isso, não precisava me preocupar com onde a colocaria. Depois de quase sete longos minutos de ficar à espera, lá apareceu o garçom, balanceando habilmente na sua mão direita a bandeja com o meu pedido: "barbecue" de frango e suco de abacaxi fresco e bem gelado! E sim, o cheesecake! Mas ele viria depois do prato principal, como a caixa me tinha prometido. 

Como estava com muita fome acabei com o frango tão rápido. Ele não me decepcionou já que estava muito bem cozido, bem suculento e estava temperado do modo que eu gostava. Também gostei do suco de abacaxi. Não tinha sabor de lata como os que muitos restaurantes serviam! E a sua doçura não fez com que perdesse o meu apetite. Eu estava sorvendo o meu suco pelo canudo quando me despertei do transe que me pegou! Eu estava bebendo o suco inconscientemente! Não acreditava que fazia isso! 😲 Talvez é normal que alguém sinta assim quando está tomando qualquer alimento saboroso, né? Bom, de repente me lembrei do cheesecake!! Aquela torta que custava uma fortuna! Não duvidei que o garçom se tivesse esquecido dele! Realmente ele tinha esquecido pois ainda precisei ir ao balcão para demandar o que eles ainda me deviam. Um atendimento assim ao cliente era muito inapropriado e qualquer pessoal que fizesse assim merecia levar uma bronca da gestão! Ou seria que o próprio gestão estava sendo injusto com os seus clientes? Se alguém paga por algo mas não recebe nada, que bobagem é isso!? Após o meu sangue ter fervido um pouco pela injustiça do restaurante, voltei a ficar na minha mesinha, já com o cheesecake. Ainda bem que não perdeu o frio por causa da raiva que ainda não foi embora completamente de mim! 

 Se eu avaliasse o serviço daquele estabelecimento de uma a cinco estrelas, eu não daria nenhuma! 😠 Que pessoa sã daria estrelas? Isso seria absurdo! No entanto o cheesecake que pedi eu acho que poderia avaliá-lo. 😅 Ele receberia cinco estrelas. 🌟🌟🌟🌟🌟Simplesmente perfeito! Até parece feito com tanto amor! 💖 O tamanho foi grande o suficiente para o preço. Eu até desejei ter ido lá com um amigo com quem pudesse compartilhar. 

Já tinha ficado farto quando ainda restava uma metade do cheesecake. Mesmo assim esforcei-me de acabar tudo! Quem podia resistir uma sobremesa tão deliciosa? 😍 E felizmente consegui! 💪 O prato ficou limpo como se eu o tivesse lambido. 

Não me arrependi de tê-lo pedido embora me custou muito e quase fiquei sem troco para voltar para casa! Contudo, o que importou foi que a fome foi extinta! Parabéns! kkkkk 😄

FIM

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